VIGILANTE RODOVIÁRIO

                 


    PRIMEIRO FILME DA SÉRIE
        
                                          


                 


Carlos Miranda, ator do primeiro seriado produzido especialmente para a televisão em toda a América Latina, com o maior índice de audiência já registrado no Brasil, nasceu em São Paulo, capital, a 29 de julho de 1933.
Começou sua carreira como cantor de circo e de parques de diversões aos 15 anos, logo em seguida indo trabalhar nas empresas Maristela e freqüentando os grupos do Teatro Popular do SESI, onde fez curso de ator, estreando na peça “O Ídolo das Meninas” de Gastão Tojeiro, levada no teatro Colombo no Largo da Concórdia em São Paulo, hoje Praça da Concórdia (o teatro já não existe mais). Trabalhou nos estúdios da Maristela no Jaçanã até o seu fechamento. De lá saíram os equipamentos para a montagem do primeiro estúdio de dublagem de filmes estrangeiros do Brasil.
O seriado “Vigilante Rodoviário”, era patrocinado pelos produtos Nestlé e o nome da série para a TV era para ser : “O Patrulheiro” e o registro foi feito naquela ocasião, porem pouco antes da data de lançamento, a Toddy (Achocolatados) estreou um seriado estrangeiro com o titulo “Patrulheiros Toddy”. O Sr. Ary Fernandes (Criador e diretor da série “Vigilante Rodoviário”), em reunião com o Sr. Gilberto Valtério (Diretor da Nestlé), sugeriu o embargo da concorrente pelo uso do título registrado, mas este diretor da Nestlé, solicitou ao Sr. Ary Fernandes que coloca-se outro nome no seriado, para evitar conflitos com uma concorrente do mesmo seguimento de mercado, sendo assim o Sr. Ary rebatizou sua série, com o nome que a fez tão famosa até os dias de hoje.
O seriado “Patrulheiros do Oeste” existiu, porem foi exibido pela TV muitos anos depois do “Vigilante Rodoviário”.
O primeiro episódio da série O Vigilante Rodoviário®, foi ao ar em março de 1961, na Rede Tupi Canal 4 numa (4ª) quarta-feira, às 20:05pm. Já no primeiro mês de exibição disparou na frente dos concorrentes para se tornar o campeão de audiência com a expressiva marca de +-45%. Como na época só 30 % das casas possuíam televisão, o produtor e o diretor acharam importante transformar a série em um filme de longa metragem, unindo 4 episódios e em seguida mais 4. O lançamento foi no cine Art-Palácio em São Paulo, resultando em uma divulgação nacional e assim , um fenômeno de bilheteria.
Curiosidades a respeito da produção não faltam: como o orçamento era apertado foram convidados a fazer parte do filme atores em início de carreira como: Fulvio Stefanini, Rosamaria Murtinho, Ari Fontoura, Stenio Garcia, Juca Chaves, Ari Toledo, Toni Campelo, Milton Gonçalves, Luis Guilherme, e outros. Hoje são nomes conhecidos nacionalmente. Na época não havia televisão colorida, vídeo tape, e o equipamento era simples de cinema profissional de bitola de 35 mm. Para ser exibido em televisão era reduzido para 16 mm.
Após o término da série em 1962, Carlos foi convidado pelo então Comandante Geral da Força Pública General de Exército João Franco Pontes para ingressar na carreira de policial, pois para interpretar o personagem do Vigilante, ele tinha feito a escola de Policiais Rodoviários em Jundiaí. Depois de 25 anos na Polícia, e tendo feito todos os cursos na corporação, em 1998 passou para a reserva como Tenente Coronel PM RES.
O sucesso da série, lembrada até hoje pelas pessoas com mais de 45 anos, é digno de estudos na área de propaganda e marketing, bem como na de antropologia e sociologia.
Hoje Carlos Miranda participa de encontros de colecionadores de carros antigos, além de dar palestras e de se apresentar em comemorações de festas cívicas como símbolo das Polícias.

  Tema do Vigilante Rodoviário (Original)

"De noite ou de dia,
Firme no volante,
Vai pela rodovia,
Bravo Vigilante.
Guardando toda estrada,
Forte e confiante,
É o nosso camarada,
Bravo Vigilante,
O seu olhar amigo,
É o farol que avisa do perigo,
Audaz e temerário,
Para agir a cada instante,
Da estrada é o Vigilante,
Vigilante Rodoviário!"

  A Verdadeira História Do Lobo

Lobo
Relatada pelo filho de Luiz Afonso que foi o dono e adestrador do Lobo.

Lobo nasceu em abril de 1955 em São Bernardo do Campo, dentro do Parque Estoril.
Na ocasião um tio meu estava fazendo serviços de pintura na casa de um casal de alemães que moravam no parque. Quando meu tio terminou o trabalho, eles ofereceram a ele um filhote de uma ninhada que havia nascido a pouco tempo atrás . Meu tio levou o filhote para casa. Nessa época toda nossa família morava em um mesmo quintal. Quando meu pai Luiz Afonso viu o cachorro pediu ao meu tio quem desce o filhote a ele, pois estávamos de mudança para outra casa no mesmo bairro. Fomos morar numa casa grande com um bom quintal nos fundos. Ali meu pai improvisou alguns equipamentos para adestrar cães. Muitas pessoas levavam seus cães para que meu pai os adestrasse. Lobo ficava sempre solto e até ajudava a tomar conta dos outros cães.
Sendo meu pai soldado da extinta Força Pública, Lobo o acompanhava em suas rondas policiais. Ele era super inteligente e assimilava rapidamente tudo o que meu pai ensinava, inclusive ajudava em buscas e apreensões de bandidos, muito antes de se tornar o companheiro do Vigilante Rodoviário no filme.
Lobo era conhecido no quartel da Força Pública, e foi a partir daí que o descobriram e o convidaram para atuar em comerciais como os do Móveis de Aço Fiel, do qual ele até hoje é o símbolo em seu e também foi quando o levaram para ser o cão do Vigilante.
Antes do seriado Lobo era chamado de King, que foi o nome que meu pai tinha dado a ele desde que nascera. Ma o nome foi trocado pois os filmes eram brasileiros e não ficava bem um animal com nome estrangeiro num filme nacional.
Na época da filmagem meu pai era dispensado nos horários de trabalho do Lobo, para acompanhá-lo e orientá-lo nas cenas. Lembro-me que ele era tão inteligente que atendia pelos 2 nomes, pois parece que sabia que agora tinha um “nome artístico”.
Quando terminaram as filmagens Lobo começou a ter problemas de saúde. O mais grave era uma infecção na tiróide que ocasionou um grande inchaço no pescoço. Veterinários fizeram uma cirurgia, mas depois disso ele nunca mais foi o mesmo. Começou a ficar triste, muito parado, e andava devagar pelos cantos da casa.
Normalmente quando meu saía para trabalhar ele o seguia querendo acompanhá-lo, mas outras vezes meu pai não podia levá-lo e percebendo seu estado o deixava em casa para que ele se recuperasse.
Com essa mudança de hábitos, Lobo começou a sair de casa sozinho pulando o muro e só voltava horas depois. Ele costumava acompanhar minha irmã e eu até a escola e voltava direto para casa, mas à vezes demorava mais do que o necessário.
Por diversas vezes algumas pessoas o viam na ruas próximas e vinham avisa-nos para que nós o fossemos buscar. Com o tempo suas saídas se tornaram mais constantes, mas mesmo assim meu não gostava de trancá-lo.
Um dia Lobo saiu de casa logo pela manhã quando meu pai saiu para o trabalho. Demorou muito para voltar e como já estava na hora de ir para a escola estranhamos seu atraso, e saímos perguntando para as pessoas na rua se não o tinham visto pelas redondezas. Como não o encontramos fomos procurar meu pai e avisar que o Lobo tinha sumido. A notícia se espalhou pelo bairro e muitas pessoas se juntaram para procurá-lo.
Não encontramos o Lobo naquele dia. Só no dia seguinte, um catador de lixo veio até nossa casa dizendo que tinha visto um cachorro morto no lixão da Vila Guilhermina. Meu pai foi até o local e infelizmente reconheceu seu amigo de tantos anos. Isso foi em 1971.
Lembro-me que choramos muito, e meu pai nunca mais quis ter outro cão.
Meu pai tinha cópias dos filmes e então começou a passar nas escolas da região para que todos não se esquecessem do maior herói canino da televisão brasileira.
Luiz Celso Afonso



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